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Após ataque israelense, Irã lança mísseis e drones contra Jerusalém

do UOL

Do UOL, em São Paulo

14/06/2025 18h18Atualizada em 14/06/2025 20h28

Mísseis foram vistos no céu de Jerusalém hoje. O contra-ataque iraniano aconteceu após Israel atingir um campo de exploração de gás natural no Golfo da Pérsia, entre o Irã e a Península Arábica.

O que aconteceu

Israel e Irã começaram uma nova rodada de bombardeios. O novo ataque iraniano atingiu edifícios residenciais na planície costeira e no norte de Israel, conforme informações do serviço de resgate israelense, obtidas pela AFP. Um outro ataque atingiu estações de abastecimento para caças israelenses.

Bombeiros trabalham no resgate da população de Jerusalém. O serviço também tenta apagar um incêndio que se alastrou em uma área desabitada. O governo de Israel anunciou que aglomerações estão proibidas e escolas estarão fechadas, somente serviços essenciais estão permitidos.

Mísseis furaram o domo de ferro, um dos principais sistemas de defesa de Israel. Segundo a professora de Relações Internacionais da FESPSP (Escola de Sociologia e Política de São Paulo), Ana Carolina Marson, Netanyahu tenta contornar a situação e as pessoas já foram liberadas para voltar a circular em Jerusalém. "O ataque é um revide do Irã, outros devem ocorrer", disse a especialista, ao UOL. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, está se reunindo com seu gabinete de segurança após os ataques.

No Irã, instalações de combustíveis foram atingidas. Segundo a CNN, o maior campo de gás natural do mundo, localizado em South Pars e o depósito de petróleo de Shahran, foram bombardeados por Israel após a troca de mísseis de ontem, como havia prometido Netanyahu. "O Irã afirmou que a situação está sob controle", explicou Marson ao UOL. "É interessante acompanhar isso, principalmente porque o Irã é um grande exportador de petróleo e membro da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo)."

Ministério da Defesa em Teerã foi atingido. A agência de notícias iraniana Tasnim informou que um ataque teve como alvo a sede do Ministério da Defesa do país em Teerã e causou danos leves a um de seus edifícios.

Israel está bombardeando a capital, Teerã. Ao mesmo tempo que tenta interceptar os mísseis lançados pelo Irã, o país liderado por Benjamin Netanyahu continua tentando bombardear alvos militares em Teerã. Um comunicado militar foi emitido informando que os lançamentos de mísseis continuarão.

Irã e Israel começaram uma "greve comercial" enquanto o conflito continua. Desde ontem, a escalada dos ataques origina temores no mercado financeiro, e já se reflete no aumento de preço do petróleo. Segundo Marson, a previsão é de comprometimento do fornecimento de combustíveis globalmente.

São três mortes em Israel e 78 no Irã até o momento. Informações divulgadas pela CNN contam 14 feridos em Israel e 320 no Irã, a maioria são civis, dos dois lados.

Por que agora?

Israel justificou o ataque ao suposto programa nuclear iraniano. Embora Teerã afirme que enriquece urânio apenas para fins energéticos, Israel, Estados Unidos e a ONU (Organização das Nações Unidas) dizem que o Irã está cada vez mais perto de construir uma bomba atômica. Para interromper o suposto programa nuclear, Israel promoveu o que chamou de "ataque preventivo".

Segundo Israel, o Irã se aproxima do "ponto de não retorno" em seu programa nuclear. O ataque israelense ocorreu assim que a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) acusou o Irã de descumprir com seu compromisso de não enriquecer urânio para fins militares. Ao contrário de Israel —que nega possuir um arsenal nuclear de 90 ogivas—, o Irã é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.

Nove países teriam a bomba: EUA, Rússia, China, França, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte, segundo a Arms Control Association, que monitora os arsenais nucleares desde 1971.

ataque irã  - Jack GUEZ / AFP - Jack GUEZ / AFP
13.jun.2025 - Fogo e fumaça sobem de um prédio, supostamente atingido por um míssil disparado do Irã, no centro de Tel Aviv
Imagem: Jack GUEZ / AFP

Irã é o único Estado não-nuclear que enriquece urânio a 60%. Em tese, esse percentual é suficiente para fabricar uma arma nuclear. As mais potentes, porém, tem enriquecimento de 90% do Urânio, missão relativamente fácil para quem já atingiu 60%, diz a agência.

Para analistas, Netanyahu tenta se agarrar ao poder. Com a impopularidade internacional da atuação militar israelense na Faixa de Gaza, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, teria aberto uma nova frente militar para manter o país em situação de emergência e evitar sua deposição diante de protestos internacionais e domésticos.

Quem está envolvido na guerra?

Israel realizou o ataque sozinho, mas tem nos EUA um aliado militar. Israel depende diplomática e militarmente dos Estados Unidos, mas realizou os ataques sozinho, afirmou o secretário de Estado americano, Marco Rubio, segundo quem autoridades israelenses consideravam a ação "necessária para sua autodefesa".

Para o Irã, EUA e Israel mentem. O governo de Teerã afirmou que Washington seria "responsável pelas consequências" dos ataques israelenses, afirmando que eles "não poderiam ter sido realizados sem a coordenação e a permissão dos Estados Unidos".

trump netanyahu - Jim Watson/AFP - Jim Watson/AFP
Arquivo - Trump e Netanyahu são aliados
Imagem: Jim Watson/AFP

Trump disse que pode auxiliar Israel. Ele itiu que "sabia de tudo" sobre o ataque e mostrou disposição para ajudar a destruir o programa nuclear de Teerã. O republicano chamou de "excelente" o desempenho dos militares israelenses.

A França disse que pode ajudar Israel a se defender. O presidente, Emmanuel Macron, afirmou que o país não tem intenção de participar da guerra, mas ajudaria na defesa israelense, se precisasse.

Já o Reino Unido defendeu a ofensiva israelense. O primeiro-ministro, Keir Starmer, conversou por telefone com Netanyahu para enfatizar que Israel tem o direito à autodefesa, mas que o conflito precisa de uma solução diplomática.

Em resposta, Teerã ameaçou EUA, França e Reino Unido. Qualquer país que tente interferir no conflito "estará sujeito a ter todas as bases regionais do governo cúmplice atacadas pelas forças iranianas, incluindo bases militares nos países do Golfo Pérsico e navios e embarcações navais no Golfo Pérsico e no Mar Vermelho", disse o Irã em comunicado noticiado pela agência iraniana Mehr.

China e Rússia apoiam Irã

A China afirmou que "se opõe a qualquer tipo de violação da soberania" do Irã. O gigante oriental se ofereceu para "desempenhar um papel construtivo" para acalmar a situação no Oriente Médio.

A Rússia se ofereceu para mediar o conflito. O presidente Vladimir Putin conversou com o presidente do Irã, Masud Pezeshkian, e com Netanyahu depois dos bombardeios. Em comunicado, o Kremlin informou que o presidente russo "condena as ações de Israel, que violam a Carta das Nações Unidas e o direito internacional".

Mas é "pouco provável que a Rússia mande soldados ou armamentos para o Irã". A avaliação é da coordenadora do curso de Relações Internacionais do Mackenzie Rio, Fernanda Brandão. Ela lembra que o Kremlin "tem a questão ucraniana para lidar".

Comunidade islâmica condenou Israel. A Arábia Saudita, que havia se aproximado de Israel, condenou as "agressões flagrantes". Omã, mediador nas negociações entre Teerã e Washington, criticou os ataques como uma "escalada perigosa" que ameaça a estabilidade regional.

Grupos paramilitares islâmicos são aliados do Irã. "Os grupos que poderiam apoiar o Irã são o Hamas, o Hezbollah e os Houtis", diz Brandão. Mas ela acredita que "eles se encontram em momento particularmente frágil em decorrência de recentes ataques feitos pelo próprio Exército israelense".

Para o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, acalmar as tensões na região é "crucial".

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