Irã: não negociaremos acordo nuclear com EUA se Israel continuar atacando
Presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, disse que não negociará acordo nuclear com os Estados Unidos enquanto Israel continuar atacando o país.
O que aconteceu
Pezeshkian disse hoje que não continuaria negociando com os EUA devido aos ataques israelenses. Declaração foi feita durante conversa por telefone com o presidente da França, Emmanuel Macron.
O Irã não aceitará exigências irracionais sob pressão e não se sentará à mesa de negociações enquanto o regime sionista continuar com seus ataques
Masoud Pezeshkian, presidente do Irã, em conversa com presidente da França, segundo a agência de notícias AFP
Irã e EUA negociavam um acordo nucelar desde abril e havia previsão de uma nova rodada em junho, cancelada após ataques de Israel. De um lado, os Estados Unidos queriam garantia que o enriquecimento de Urânio não seria usado em armas atômicas, enquanto o Irã esperava obter um alívio nas sanções econômicas aplicadas pelos EUA.
Após ataques, Trump chegou a dizer que era melhor o Irã aceitar um acordo, "antes que seja tarde demais".
Escalada do conflito
Israel atacou o Irã em 12 de junho. Forças israelenses disseram ter atingido instalações militares e bases nucleares iranianas, matando 78 pessoas. O ataque atingiu militares do alto escalão, como o chefe da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, e comandante do Estado-Maior, Mohamed Bagheri. Nove cientistas nucleares também morreram nos bombardeios, segundo Israel.
Irã revidou o ataque no mesmo dia, com drones e mísseis atravessando o "Domo de Ferro", que protege Israel. Há relatos de dois mortos e dezenas de feridos. Neste sábado, outro ataque iraniano matou outro israelense. Em Israel, milhares de pessoas estão em bunkers para se protegerem dos ataques.
Ataques continuam dos dois lados neste sábado. Israel atacou o Irã hoje pela manhã, matando dezenas de iranianos, e o país persa revidou durante a tarde com drones, que atingiram a cidade de Jerusalém e tinham como alvo um campo de exploração de gás natural.
Por que agora?
Israel justificou o ataque ao suposto programa nuclear iraniano. Embora Teerã afirme que enriquece urânio apenas para fins energéticos, Israel, Estados Unidos e a ONU (Organização das Nações Unidas) dizem que o país persa está cada vez mais perto de construir uma bomba atômica. Para interromper o suposto programa nuclear, Israel promoveu o que chamou de "ataque preventivo".
Segundo Israel, o Irã se aproxima do "ponto de não retorno" em seu programa nuclear. O ataque israelense ocorreu assim que a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) acusou o Irã de descumprir com seu compromisso de não enriquecer urânio para fins militares. Ao contrário de Israel —que nega possuir um arsenal nuclear de 90 ogivas —, o Irã é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.
Nove países teriam a bomba: EUA, Rússia, China, França, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte, segundo a Arms Control Association, que monitora os arsenais nucleares desde 1971.
Irã é o único Estado não-nuclear que enriquece urânio a 60%. Em tese, esse percentual é suficiente para fabricar uma arma nuclear. As mais potentes, porém, tem enriquecimento de 90% do Urânio, missão relativamente fácil para quem já atingiu 60%, diz a agência.
Para analistas, Netanyahu tenta se agarrar ao poder. Com a impopularidade internacional da atuação militar israelense na Faixa de Gaza, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, teria aberto uma nova frente militar para manter o país em situação de emergência e evitar sua deposição diante de protestos internacionais e domésticos.
Quem está envolvido na guerra?
Israel realizou o ataque sozinho, mas tem nos EUA um aliado militar. Israel depende diplomática e militarmente dos Estados Unidos, mas realizou os ataques sozinho, afirmou o secretário de Estado americano, Marco Rubio, segundo quem autoridades israelenses consideravam a ação "necessária para sua autodefesa".
Para o Irã, EUA e Israel mentem. O governo de Teerã afirmou que Washington seria "responsável pelas consequências" dos ataques israelenses, afirmando que eles "não poderiam ter sido realizados sem a coordenação e a permissão dos Estados Unidos".
Trump disse que pode auxiliar Israel. Ele itiu que "sabia de tudo" sobre o ataque e mostrou disposição para ajudar a destruir o programa nuclear de Teerã. O republicano chamou de "excelente" o desempenho dos militares israelenses.
A França disse que pode ajudar Israel a se defender. O presidente, Emmanuel Macron, afirmou que o país não tem intenção de participar da guerra, mas ajudaria na defesa israelense, se precisasse.
Já o Reino Unido defendeu a ofensiva israelense. O primeiro-ministro, Keir Starmer, conversou por telefone com Netanyahu para enfatizar que Israel tem o direito à autodefesa, mas que o conflito precisa de uma solução diplomática.
Em resposta, Teerã ameaçou EUA, França e Reino Unido. Qualquer país que tente interferir no conflito "estará sujeito a ter todas as bases regionais do governo cúmplice atacadas pelas forças iranianas, incluindo bases militares nos países do Golfo Pérsico e navios e embarcações navais no Golfo Pérsico e no Mar Vermelho", disse o Irã em comunicado noticiado pela agência iraniana Mehr.