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O que é o programa nuclear do Irã, alvo dos ataques de Israel

Instalação de enriquecimento de urânio de Natanz, a 250 km ao sul de Teerã, capital do Irã - Raheb Homavandi/REUTERS
Instalação de enriquecimento de urânio de Natanz, a 250 km ao sul de Teerã, capital do Irã Imagem: Raheb Homavandi/REUTERS
do UOL

Do UOL, em São Paulo

13/06/2025 13h20

Israel atacou infraestruturas nucleares iranianas na madrugada de hoje (noite de ontem em Brasília) e matou integrantes da cúpula militar.

O que é o programa nuclear do Irã

É uma iniciativa científica para o uso da energia nuclear iniciada na década de 1950. Segundo o país, ele é voltado para fins pacíficos e segue os princípios do Tratado de Não Proliferação Nuclear. No entanto, a comunidade internacional teme que o país esteja tentando construir uma bomba atômica.

O principal ponto de divergência nas negociações para regulamentar o programa é o enriquecimento de urânio. Isto acontece a 60% no país —valor considerado próximo ao limite, já que para fabricar uma bomba nuclear seria necessário urânio enriquecido a 90%;

Oficialmente, Irã não possui armas nucleares. A Arms Control Association, organização norte-americana que monitora os arsenais nucleares pelo mundo desde 1971, divulga que apenas nove países possuem bombas nucleares. São eles: EUA, Rússia, China, França, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte.

O país é o único estado não nuclear que enriquece urânio a 60%, segundo a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). O país defende o direito ao desenvolvimento nuclear com fins civis, como a geração de energia, e afirma que não aceitará limites nesse aspecto.

Em 2015, após anos de negociação, um acordo foi firmado entre o Irã e a comunidade internacional. Na época, o país concordou em diminuir as atividades nucleares em troca do alívio das sanções econômica impostas contra a República Islâmica.

Mas o EUA se retirou do compromisso em 2018. Em seu primeiro mandato, Donald Trump retirou os EUA do compromisso e os esforços para retomar o diálogo fracassaram. Desde então o Irã se distancia do compromisso de não enriquecer urânio acima de 3,67% —o que foi fixado pelo pacto.

Histórico e novas negociações

Até o início da década de 2000, o Irã realizou atividades não declaradas relacionadas com a energia nuclear. Nos últimos meses, acelerou sua produção de urânio enriquecido a 60%.

Teerã anunciou ontem que pretende aumentar "significativamente" sua produção de urânio enriquecido. Essa é uma resposta à adoção de uma resolução da AIEA que o condena por "não cumprimento" de suas obrigações nucleares.

Há um mês, o presidente do Irã, Massoud Pezeshkian, classificou como "inaceitáveis" os pedidos para desmantelar as instalações nucleares do país. No início de junhos, os EUA enviaram uma proposta de acordo sobre o programa nuclear de Teerã.

Segundo o jornal "The New York Times", grupo de países pede que o Irã interrompa completamente o enriquecimento de urânio. Eles propõem a criação de um grupo regional para produzir energia nuclear, que incluiria Irã, Arábia Saudita e outros países árabes, além dos EUA. Hoje, Trump afirmou que foi dado ao Irã um ultimato de 60 dias para um acordo nuclear, antes dos ataques de Israel de hoje, o 61º dia.

Israel considera a República Islâmica uma ameaça existencial. Segundo o Exército israelense, informações de inteligência indicam que o Irã está se aproximando de um "ponto de não retorno" em seu programa nuclear.

Instalações nucleares do Irã

A AIEA condenou ontem o Irã por violar suas obrigações de não proliferação nuclear pela primeira vez em quase duas décadas. A agência, além de órgãos de inteligência americanos, acredita que o país persa tenha um programa secreto de armas nucleares, que foi interrompido em 2003.

As instalações nucleares iranianas foram fortalecidas ao longo de anos, espalhadas por vários locais, algumas em bunkers subterrâneos. A AIEA diz que o Irã dobrou o enriquecimento de urânio em três meses.

Principais instalações nucleares do Irã estão em Natanz, Isfahan, Teerã, Bushehr e Arak. A AIEA confirmou hoje que a instalação de Natanz estava entre os alvos dos recentes ataques israelenses. Há imagens de nuvens de fumaça saindo da instalação.

*Com informações da AFP, RFI e Reuters

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