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AFP anuncia 'programa de economias' diante da persistente crise da mídia

13/06/2025 09h17

A Agence -Presse implementará um "programa de economias" de 12 a 14 milhões de euros (R$ 76,9 milhões a R$ 89,7 milhões) entre 2025 e 2026, devido a uma "deterioração duradoura" em suas perspectivas financeiras ligada à crise da mídia, anunciou seu presidente, Fabrice Fries, nesta sexta-feira (13).

"Vamos aplicar imediatamente um programa de economias de curto prazo" para "alcançar aproximadamente 2 milhões em economias" até o final de 2025, disse Fries em uma mensagem de vídeo divulgada internamente. 

Até 2026, "o ritmo será maior", pois será necessário "alcançar entre 10 e 12 milhões de euros em economias", continuou. 

Isso "só será possível se adaptarmos a nossa organização, nossas estruturas, nossos métodos operacionais (...), sem desacelerar nossos investimentos", declarou. 

"Esta é uma má notícia (...), mas sei que a agência tem os recursos", acrescentou. 

Ele explicou que, após sete anos de progresso contínuo, as "receitas comerciais" da AFP "diminuirão este ano", com quase 8 milhões de euros (R$ 51,2 milhões) a menos em comparação com o que estava previsto no orçamento.

Esse "retrocesso" tem várias razões. Primeiro, um "período de espera global associado ao medo de uma recessão". Depois, clientes cancelaram contratos devido à "pressão" exercida por "governos autoritários ou populistas".

Nesse sentido, Fries mencionou o fim do programa de verificação digital da Meta (Facebook, Instagram, WhatsApp) nos Estados Unidos, do qual a AFP participava, e a "interrupção abrupta" do contrato com a rádio pública Voice of America, que o governo Trump quer desmantelar. 

Outra explicação para a queda na receita: a AFP "certamente superestimou" sua "capacidade de fazer com que os atores de tecnologia reconheçam e remunerem" sua "propriedade intelectual" sobre seus conteúdos. 

De modo geral, essa "deterioração duradoura" é, segundo Fries, consequência da saúde precária dos veículos de comunicação clientes da AFP, abalados pelas constantes mudanças no cenário digital. 

A isso se somam "os avanços surpreendentes da inteligência artificial". 

Em 2024, a AFP teve um lucro líquido de 200.000 euros (aproximadamente R$ 1,28 milhão, na cotação da época) e um faturamento de 326,4 milhões de euros (aproximadamente R$ 2,1 bilhões).

Além de suas receitas comerciais, a agência recebe uma compensação do governo francês pelos custos associados às suas missões de interesse geral (118,9 milhões de euros em 2024, equivalente a R$ 765 milhões na cotação da época). 

A AFP é uma das três maiores agências de notícias do mundo, juntamente com a AP e a Reuters. Emprega 2.600 colaboradores de 100 nacionalidades e fornece informações em seis idiomas. 

A agência tem um status único: não é uma empresa pública, mas não possui acionistas, e seus clientes, incluindo o Estado francês, fazem parte do seu conselho de istração.

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© Agence -Presse

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